Ao longo da história humana o processo de alfabetização evoluiu para atender demandas por novas formas de informação e comunicação, num esforço para moldar o nosso conhecimento frente às transformações da sociedade. Apesar dos avanços, este assunto ainda continua em meio a opiniões controversas e cercado de fatores complexos.
De modo simples, um indivíduo que se diz alfabetizado se refere àquele que possui habilidade básica para ler e escrever.
Como se isto não fosse suficiente, nas últimas décadas, a alfabetização passou a ser entendida sob o ponto de vista mais crítico, incorporando maior grau de conhecimento e compreensão. Para atender a essa demanda complementar, um novo termo foi incorporado no Vocabulário Ortográfico: o letramento. A denominação letramento (derivada do inglês literacy) se aplica às pessoas que, além da capacidade de leitura e escrita, possuam habilidades para encontrar - e saibam usar - informações de diferentes disciplinas nas práticas sociais.
Segundo dados divulgados pelo Instituto de Estatística da UNESCO (UIS) no mês de setembro de 2013, o problema sério do analfabetismo afeta 774 milhões de adultos em todo o mundo, ou seja, cerca de 16 % da população mundial (pessoas com mais de 15 anos não alfabetizadas). De acordo com o relatório recente divulgado pela UNESCO (29.01.2014), o Brasil aparece em 8º lugar entre 150 países com maior número de analfabetos adultos.
Em outra análise, o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ano de 2012, mostra o resultado da avaliação educacional no mundo em áreas específicas como matemática, ciência e leitura. O processo de avaliação, realizado a cada 3 anos, aplicado a um universo de alunos na faixa de idade dos 15 anos, permitiu uma análise detalhada dos hábitos e compromissos dos estudantes com os temas envolvidos. No ranking de pontuação do PISA, o Brasil ficou apenas em 58ª posição, em uma lista de 65 países.
Em 1978, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) adotou o conceito de alfabetismo funcional. Esse tipo de instrução é designado “a pessoa capaz de utilizar a leitura, a escrita e o cálculo para fazer frente às demandas de seu contexto social e de usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida”.
Os dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) de 2011 revelam que 27 % da população brasileira de 15 anos a 64 anos são analfabetos funcionais.
O mundo moderno vive uma nova era de conhecimento em meio a tanta e rápida circulação de informações. Por isso, para prosperar nesse ambiente de pesquisa em transformação, qualquer que seja o propósito, torna-se relevante reconhecer quando e qual informação é necessária e ter a capacidade para localizar, avaliar e usar de forma eficaz tal informação. Esse conjunto de habilidades é conhecido como alfabetização em informação.
Nesse contexto, os recursos multimídia constituem importante ferramenta de aprendizagem, o que implica a necessidade de adquirir habilidades e competências para desenvolver e usufruir os benefícios das tecnologias da informação e comunicação (setor conhecido pela sigla TIC), de maneira crítica e consciente. Como alternativa à modalidade presencial, ultimamente, nos mais diversos níveis e segmentos, o modelo de Educação a Distância (EaD) tem se destacado como nova forma de ensino e autoaprendizagem através da utilização de tecnologias virtuais (midiáticas).
Em sentido mais amplo, a alfabetização em ciência e tecnologia deve ser entendida, de forma básica, como a capacidade de pensar e aplicar conceitos e processos científicos e tecnológicos em nossa vida diária e de participar das decisões que influenciam a sociedade.
A ciência e a tecnologia estão intrinsecamente ligadas. A ciência é um campo de estudo ou observação com o intuito de gerar novas informações. A partir desta prática do conhecimento (pesquisa), a tecnologia visa desenvolver métodos, técnicas ou produtos gerais em constante inovação para modificar e tornar a vida das pessoas mais fácil e segura.
Em particular campo de atuação, a Metrologia é a ciência da medição de natureza multidisciplinar, de visão abrangente, de verdade não absoluta, não estática, onipresente, universal, transparente, e de grande importância para o avanço da ciência e tecnologia - condição essencial para promover a competitividade, a inovação, o desenvolvimento sustentável e o bem-estar de todos. Ainda que essa definição não seja tão familiar, mas que se revela presente em quase tudo que nos rodeia, precisamos desenvolver mais a nossa habilidade em saber compreender, questionar e tomar decisões a respeito da Metrologia (não no sentido especializado e, muito menos, no domínio crítico), aspectos cada vez mais integrados no meio educacional, profissional e social.
Algumas pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na Europa (referências e links: International Technology and Engineering Educators Association; National Science Foundation; Pew Research Center; Committee on Technological Literacy, National Academy of Engineering and National Research Council e European Commission. 2001. Europeans, Science and Technology) revelam que a maioria dos cidadãos possui um entendimento limitado de fatos científicos e tecnológicos fundamentais.
Por fim, é de se esperar que este artigo tenha auxiliado a refletir e expandir a sua percepção sobre a alfabetização, particularmente, em Metrologia. De fato, no mundo globalizado, as questões básicas relacionadas com a ciência e tecnologia tornaram tão importantes quanto a simples capacidade de ler e escrever.
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