domingo, 8 de junho de 2014

Metrologia: Linguagem técnica informal

Parte 4 - Linguagem técnica informal: Esta é a quarta parte do artigo, de uma série ordenada em 5 partes.


Todos os dias estamos a acostumar a decisões baseadas em medições corretas, transparentes e mais seguras, de entendimento e aplicação em nível mundial. As terminologias para nomes e símbolos das grandezas, dos valores numéricos e das unidades de medida são definidas de modo coerente na norma ISO e no sistema SI.

A olhar por esse ângulo, continuamente, existe a preocupação legal do Estado em proporcionar informações sobre medidas, de entendimento comum e uniforme, que estejam em consonância com as normas técnicas e convenções.

No entanto, por simples descuido ou desconhecimento dessas regras, boa parte das pessoas nos seus campos de atuações pensa pouco sobre a alfabetização em Metrologia como ferramenta de aprendizagem e transformação para uma sociedade mais justa e segura. Mesmo que parte deste assunto seja tratada com certo nível de exigência, a espelho da gramática formal, os textos técnicos quando mal redigidos ou organizados, contendo erros demasiados e estilos deficientes, prejudicam a clareza da formação de ideias. Por outro lado, o domínio da linguagem técnica, como parte da comunicação escrita, tem se traduzido em fator diferencial para muitas áreas de atuação humana e, por isso, cada vez mais valorizado nos dias de hoje.
Uma vez que a introdução deste artigo ainda mereça maiores detalhes, vamos prosseguir com algumas explicações complementares.

Influência das medições na vida cotidiana

No cotidiano, continua comum a verificação de erros de grafia ou usos enganosos de grandezas e unidades de medida. Quando assim ocorrem, por mais simples que seja o texto, a comunicação não se completa de forma eficaz, sendo perdidas as vantagens postas em normas e convenções praticadas na maioria dos países.
  • Devido às práticas culturais ou costumeiras, certos países de origem inglesa têm relutado em seguir todas as determinações oficializadas. Exemplos de unidades não aceitas pelo SI: polegada, galão, nó, milha, cavalo vapor...
  • Vícios de linguagem técnica coloquial ocorrem comumente na prática e seus termos e significados, mesmo contrários às regras, constam em dicionários da língua portuguesa. Exemplos: peso (no sentido de massa); voltagem ou amperagem (como grandeza elétrica); quilo (como unidade de massa); caloria (como unidade de energia); metragem ou quilometragem (como grandeza para comprimento ou distância)...

Influência das medições na vida cotidiana


Nas circunstâncias em que o erro extrapola o limite do bom senso, não muito raro, quando isto fere a confiança e o interesse dos cidadãos ou de um mercado específico, os órgãos oficiais de fiscalização exercem papel importante na conservação da qualidade de produtos e serviços indispensáveis a qualquer relação de consumo. Basta lembrar de alguns casos envolvendo medidas rotineiras essenciais ao bem estar das pessoas:
  • Base do tempo legal (hora certa);
  • Condições do tempo e clima;
  • Volume ou composição do combustível veicular;
  • Consumo de energia elétrica mensal;
  • “Pesos” de produtos pré-medidos.

Influência das terminologias técnicas


A linguagem cotidiana tem sofrido forte influência da terminologia técnica na medida em que é relacionada a assuntos com origens na ciência e tecnologia. Por isso, novas palavras, simples ou derivadas, com as devidas ressalvas, são incorporadas com certa frequência ao vocabulário da língua portuguesa.
  • Empréstimo de prefixos convencionados: nanotecnologia, microbiologia, etc.;
  • Como figura de linguagem: dois pesos e duas medidas, clima de incerteza, hora da verdade, fechou o tempo, longa-metragem, zero-quilômetro, zero à esquerda, etc.;
  • Derivação com prefixo ou sufixo: subtensão, sobrecarga, gramatura, degrau, etc.;
  • No sentido figurado: megaevento, megafone, grau de conhecimento, etc.;
  • Como substantivo: tonelagem, voltagem, porcentagem, milhagem, etc.;
  • Uso de estrangeirismo: pasteurizador, wattímetro, dureza Rockwell...

Vícios cultivados nos meios de comunicação


Não raro, no meio de comunicação (televisão, rádio, jornais, revistas, internet, etc.) é possível observar unidades de medida - símbolos e nomes – tratadas de forma não convencionada. Além de confundir, as unidades assim divulgadas não servem ao propósito a que se destina um sistema coerente de medição.
  • Exemplos de símbolos indevidos: Km ou KM (para quilômetro); cm2 (para centímetro quadrado); ʹ (para minuto); kW/h ou kWh (energia elétrica); etc.
De modo incorreto, porém de uso restrito nos meios de comunicação, é bastante comum constatar tanto unidades de medida como valores numéricos de forma abreviada ou simplificada, mais por uma questão de economia de espaço e para facilitar o entendimento do público ou leitor em geral. Entretanto, não deve ser seguido do ponto de vista técnico.
  • temperatura grau Celsius: 29º ou 29 graus ou 29 graus C ou 29 graus centígrados;
  • "peso": 10quilos ou 10Kg;
  • tempo (horas): 11h30 ou 11:30h ou 11.30h ou 11.30 da noite ou 11:30PM;
  • dias da semana: 2ª, 3ª... ou 2ª feira, 3ª feira... ou segunda, terça... ou seg., ter.;
  • variação percentual: 0,2 ponto ou 0,2 p.p.;
  • valor monetário (R$): 1 mil (1.000), 1 mi (1 milhão), 1 bi (1 bilhão), 1 tri (1 trilhão)...

crédito: NASA 
Velocidade da luz no vácuo
Para a maioria das pessoas, a expressão “a velocidade da luz no vácuo é aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo” é de entendimento mais simples que “a velocidade da luz no vácuo é aproximadamente 300 x 103 km/s”, este último de uso mais técnico. Neste aspecto, a forma de representar o valor de grandeza como 300 Mm/s, mesmo correto, é menos comum e “complicado” em demasia para os leitores não técnicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário