O Reino Unido vai liderar uma missão espacial com o objetivo de coletar dados extremamente precisos da radiação absorvida e refletida na superfície da Terra.
Essas informações dariam aos cientistas uma ideia da grandeza de radiação solar que a Terra absorve, ajudando a responder perguntas sobre até que ponto a variabilidade natural afeta as mudanças climáticas. Também, serviriam de padrão para calibrar instrumentos climáticos de outros satélites, permitindo que seus dados sejam comparados com maior rigor e rastreáveis ao padrão primário do Sistema Internacional (SI).
Os planos para desenvolvimento da nova sonda espacial, chamada de TRUTHS (Traceable Radiometry Underpinning Terrestrial - and Helio - Studies), foi aprovada em novembro/2019 pelos representantes dos países membros da Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês).
A fase inicial do projeto conta com financiamento de 32,4 milhões de euros (153 milhões de reais). A liderança científica da missão ficará sob a responsabilidade do Laboratório Nacional de Física do Reino Unido (NPL, em inglês). O NPL é o guardião dos "padrões" no Reino Unido: tem as referências para o quilograma, o metro, o segundo, entre outras unidades de base usadas no Sistema Internacional de Unidades (SI). É nesse laboratório que se mede com precisão, por exemplo, a intensidade de uma fonte de luz — algo que pode ser feito usando um dispositivo chamado radiômetro criogênico, adotado como padrão primário para a medição da luz.
Para medir a irradiância solar (proveniente do sol) e a refletância solar (proveniente da Terra), o TRUTHS usaria em órbita uma câmera hiperespectral em conjunto com um radiômetro criogênico. Esses instrumentos geram mapas de alta resolução da luz solar refletida nas superfícies da Terra, como em seus desertos, campos de neves, florestas e oceanos. O objetivo é que os dados ajudem a reduzir a incerteza nas projeções de futuras mudanças climáticas.
Por que precisamos de modelos climáticos extremamente precisos?
Quando o TRUTHS for capaz de começar a gerar mapas altamente detalhadas da luz que a Terra reflete, estabeleceria efetivamente uma "impressão digital climática" que poderia ser usada de modo preciso e confiável para comparar e validar medições futuras.
A qualidade das imagens será tão requintada que se espera que se torne a referência padrão contra a qual todas as outras naves espaciais de imagem desejarão ajustar e corrigir suas próprias observações.
Isso deveria tornar uma tarefa muito mais simples comparar as imagens de diferentes satélites, não apenas das missões que voam hoje, mas também daquelas que há muito foram aposentadas e cujos dados agora estão em arquivos.
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