quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Segundo Bissexto: o Tempo está Acabando

Cientistas e representantes de governos de vários países votaram recentemente para eliminar os "segundos bissextos" até o ano de 2035, em meio a preocupações com ocorrências de falhas por problemas de sincronizações.
Semelhante aos anos bissextos, os segundos bissextos foram adicionados periodicamente aos relógios ao longo do último meio século para compensar a diferença entre o tempo atômico exato e a variação no tempo de rotação mais lenta da Terra em seu eixo.
Embora os segundos bissextos passem despercebidos para a maioria das pessoas, eles podem causar problemas para uma série de sistemas que exigem um fluxo de tempo exato e ininterrupto, como navegação por satélite, software, telecomunicações, comércio, indústria e até viagens espaciais. Isto posto, com uma demanda crescente por precisão de relógio nesses setores, o segundo bissexto agora está causando mais danos do que benefícios, resultando em distúrbios e interrupções.
Isso tem preocupado o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), responsável pelo Tempo Universal Coordenado (UTC) - o padrão internacionalmente acordado pelo qual o mundo acerta seus relógios.
Uma resolução para parar de adicionar "segundos bissextos" até 2035 foi aprovada na última sexta-feira (18/11/2022) por membros do BIPM e outros representantes na 27ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), que se reúne pelo menos a cada seis anos no Palácio de Versalhes, próximo de Paris. De acordo com a proposta, os segundos bissextos continuarão sendo adicionados normalmente por enquanto. Mas até 2035, a diferença entre o tempo atômico e astronômico poderá crescer para um valor maior que um segundo.

O que é o segundo bissexto?

Os segundos foram medidos por astrônomos analisando a rotação da Terra desde o início da história. O dia foi dividido em 24 horas, cada uma hora com 60 minutos, cada um minuto com 60 segundos. No entanto, o advento dos relógios atômicos - que usam a frequência dos átomos como seu mecanismo de tique-taque - inaugurou uma era muito mais precisa de como medir o tempo.
Ao longo dos séculos, a precisão da medição do tempo melhorou constantemente, permitindo-nos ver irregularidades na taxa de rotação da Terra. Com efeito, a duração do segundo do Tempo Universal (UT1) varia ligeiramente para acompanhar as mudanças na rotação da Terra.
A escala UTC, que combina a regularidade do tempo atômico, é ajustado ocasionalmente por pequenas quantidades para mantê-lo próximo ao UT1.
Um dos efeitos do movimento de rotação natural da Terra é a sua imprevisibilidade, e isso causa problemas de sincronia entre as escalas de tempo. Dessa forma, o UTC é mantido sempre dentro de 0,9 segundos de UT1 pela inserção de um segundo extra quando necessário. Quando acrescentados os segundos bissextos, devido à rotação ligeiramente mais lenta da Terra, estes são conhecidos como segundos bissextos positivos.
Para preencher a lacuna, os segundos bissextos foram introduzidos em 1972 e 27 segundos bissextos foram adicionados em intervalos irregulares desde então – o último em 2016.
A decisão sobre a necessidade de um segundo bissexto é tomada pelo International Earth Rotation and Reference Systems (IERS), com aproximadamente 6 meses de antecedência.
fonte: NPL, BIPM. IERS
Ajuste Ocasional do Segundo Bissexto Negativo
crédito: Leon Neal/Getty Images
Ajuste Ocasional do Segundo Bissexto Negativo
Pode acontecer que um segundo precise ser removido do UTC (um segundo bissexto negativo). Até agora, todos os segundos bissextos foram positivos, mas os aumentos na taxa de rotação da Terra nos últimos anos permitiram que o tempo astronômico (UT1) alcançasse o UTC. Se essa tendência continuar, um segundo bissexto negativo pode ser necessário para trazer o UTC de volta ao alinhamento com o UT1.



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