Cientistas e representantes de governos de vários países votaram recentemente para eliminar os "segundos bissextos" até o ano de 2035, em meio a preocupações com ocorrências de falhas por problemas de sincronizações.
Semelhante aos anos bissextos, os segundos bissextos foram adicionados periodicamente aos relógios ao longo do último meio século para compensar a diferença entre o tempo atômico exato e a variação no tempo de rotação mais lenta da Terra em seu eixo.
Embora os segundos bissextos passem despercebidos para a maioria das pessoas, eles podem causar problemas para uma série de sistemas que exigem um fluxo de tempo exato e ininterrupto, como navegação por satélite, software, telecomunicações, comércio, indústria e até viagens espaciais. Isto posto, com uma demanda crescente por precisão de relógio nesses setores, o segundo bissexto agora está causando mais danos do que benefícios, resultando em distúrbios e interrupções.
Isso tem preocupado o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), responsável pelo Tempo Universal Coordenado (UTC) - o padrão internacionalmente acordado pelo qual o mundo acerta seus relógios.
Uma resolução para parar de adicionar "segundos bissextos" até 2035 foi aprovada na última sexta-feira (18/11/2022) por membros do BIPM e outros representantes na 27ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), que se reúne pelo menos a cada seis anos no Palácio de Versalhes, próximo de Paris. De acordo com a proposta, os segundos bissextos continuarão sendo adicionados normalmente por enquanto. Mas até 2035, a diferença entre o tempo atômico e astronômico poderá crescer para um valor maior que um segundo.
Os segundos foram medidos por astrônomos analisando a rotação da Terra desde o início da história. O dia foi dividido em 24 horas, cada uma hora com 60 minutos, cada um minuto com 60 segundos. No entanto, o advento dos relógios atômicos - que usam a frequência dos átomos como seu mecanismo de tique-taque - inaugurou uma era muito mais precisa de como medir o tempo.
Ao longo dos séculos, a precisão da medição do tempo melhorou constantemente, permitindo-nos ver irregularidades na taxa de rotação da Terra. Com efeito, a duração do segundo do Tempo Universal (UT1) varia ligeiramente para acompanhar as mudanças na rotação da Terra.
Um dos efeitos do movimento de rotação natural da Terra é a sua imprevisibilidade, e isso causa problemas de sincronia entre as escalas de tempo. Dessa forma, o UTC é mantido sempre dentro de 0,9 segundos de UT1 pela inserção de um segundo extra quando necessário. Quando acrescentados os segundos bissextos, devido à rotação ligeiramente mais lenta da Terra, estes são conhecidos como segundos bissextos positivos.
Para preencher a lacuna, os segundos bissextos foram introduzidos em 1972 e 27 segundos bissextos foram adicionados em intervalos irregulares desde então – o último em 2016.
A decisão sobre a necessidade de um segundo bissexto é tomada pelo International Earth Rotation and Reference Systems (IERS), com aproximadamente 6 meses de antecedência.
fonte: NPL, BIPM. IERS
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