Embora os EUA reconheçam o uso legal do sistema métrico que remonta o ano de 1866, na década de 1970, a política governamental americana estabeleceu em caráter voluntário aumentar a utilização do SI como o sistema medição preferido do país para a indústria e o comércio. No entanto, a conversão e adoção oficial do SI, mesmo significativamente mais fácil de compreender e utilizar, tem-se revelado um esforço até os dias de hoje.
A Origem Caótica do Metro
No final do século XVIII, os franceses, com o intuito de derrubar velhos costumes e tradições que permeavam o país na ausência de um sistema uniforme de medição, deram os primeiros passos para a criação de um sistema único e coerente de medidas, com vista à definição de um padrão universal baseado na natureza.
A Academia Francesa de Ciências, órgão encarregado de determinar o novo sistema, decidiu que a medição sustentada deveria consistir no comprimento de um décimo de milionésimo da distância do Polo Norte à linha do Equador, tendo como referência o meridiano passando por Paris, França. Essa medida – denominada como metro e meticulosamente documentada por um grupo de pensadores científicos do iluminismo – tornou-se a base de todo o sistema métrico mundial.
Uma Mudança Lenta
O sistema de medição resultante foi extremamente inovador e atraente para a comunidade científica internacional da época. Porém, a implementação do sistema não foi imediata e quando o resto do mundo começou a aceitar tal conceito, em 1866, a ideia foi adotada pelos EUA, que naquele ano aprovaram uma lei permitindo o uso legal de medidas métricas no comércio.
A Convenção do Metro, um tratado diplomático assinado em 1875 por vários países, incluindo os EUA, que criou uma estrutura para coordenar e uniformizar as medições nos países participantes, também foi um marco para que os EUA fizessem a mudança numa escala mais ampla.
Mas a adoção americana ainda estava atrasada, mesmo enquanto os cientistas continuavam a melhorar o sistema e a aplicá-lo cada vez mais em seus campos de investigação. Em 1960, o sistema métrico foi expandido e modernizado e, como resultado dessa evolução, durante a Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), na França, passou a ser denominado como Sistema Internacional de Unidades (abreviado como SI) para uso em todo o mundo.
A maioria das outras nações adotou obedientemente o SI, alterando os sinais de trânsito e as embalagens e ensinando o sistema métrico nas escolas.
No entanto, apesar da adoção internacional e da crescente política federal de incentivo à prática de unidades métricas, os EUA continuaram a utilizar as unidades imperiais em sua vida cotidiana, como as polegadas, os pés e as milhas. A resistência foi alimentada em parte por industriais que argumentavam que o sistema era demasiado complicado e caro para se implementar, por legisladores desconfiados da influência “estrangeira” e por controvérsias sobre se a adoção federal em larga escala poderia infringir os direitos dos estados.
Ainda que os EUA tenham declarado oficialmente o SI como o sistema preferido do país através da Lei de Conversão Métrica de 1975, assim mesmo as agências federais demoraram a adotar as métricas na indústria, na educação, no comércio e na vida quotidiana.
Elizabeth Benham, líder do programa métrico federal do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST, sigla em inglês), diz que ambos os sistemas ainda são amplamente utilizados em todo o país: “Estamos trabalhando em um ambiente de medição híbrido arriscado”. Rótulos duplos são comuns e muitas vezes as medidas métricas ficam ocultas em réguas, sinais de trânsito e ferramentas. Isto pode levar a erros de cálculo dispendiosos e confusão pública.
Fazendo a Convergência Métrica
Ainda ssim, Benham acredita que a metrificação voluntária nos EUA é possível – e incentiva os indivíduos a procurarem as medidas métricas que já os rodeiam. “Eu uso a analogia de um iceberg”, diz ela. Superficialmente estão as unidades imperiais dos EUA, mas muitas indústrias já utilizam medidas métricas, incluindo rótulos de alimentos, velocímetros de automóveis e termômetros.
Benham diz que, uma transição completa para o sistema métrico não será possível até que os indivíduos tomem a iniciativa e decidam utilizá-lo na sua vida quotidiana. E complementa: “A mudança vai acontecer. É apenas uma mudança mais lenta do que uma abordagem obrigatória”.
fonte: National Geographic, NIST
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