quarta-feira, 17 de julho de 2024

Qual a Razão pela qual os EUA não usam o Sistema Métrico

Na vida cotidiana, os Estados Unidos são um dos três países que não usam as unidades básicas do Sistema Internacional de Unidades (SI). Em vez disso, sem uma força de lei, eles “preferem” as medidas imperiais habituais. A motivação tem menos a ver com a política oficial do que você imagina.

Embora os EUA reconheçam o uso legal do sistema métrico que remonta o ano de 1866, na década de 1970, a política governamental americana estabeleceu em caráter voluntário aumentar a utilização do SI como o sistema medição preferido do país para a indústria e o comércio. No entanto, a conversão e adoção oficial do SI, mesmo significativamente mais fácil de compreender e utilizar, tem-se revelado um esforço até os dias de hoje.

A Origem Caótica do Metro

No final do século XVIII, os franceses, com o intuito de derrubar velhos costumes e tradições que permeavam o país na ausência de um sistema uniforme de medição, deram os primeiros passos para a criação de um sistema único e coerente de medidas, com vista à definição de um padrão universal baseado na natureza.

A Academia Francesa de Ciências, órgão encarregado de determinar o novo sistema, decidiu que a medição sustentada deveria consistir no comprimento de um décimo de milionésimo da distância do Polo Norte à linha do Equador, tendo como referência o meridiano passando por Paris, França. Essa medida – denominada como metro e meticulosamente documentada por um grupo de pensadores científicos do iluminismo – tornou-se a base de todo o sistema métrico mundial.

Uma Mudança Lenta

O sistema de medição resultante foi extremamente inovador e atraente para a comunidade científica internacional da época. Porém, a implementação do sistema não foi imediata e quando o resto do mundo começou a aceitar tal conceito, em 1866, a ideia foi adotada pelos EUA, que naquele ano aprovaram uma lei permitindo o uso legal de medidas métricas no comércio.

A Convenção do Metro, um tratado diplomático assinado em 1875 por vários países, incluindo os EUA, que criou uma estrutura para coordenar e uniformizar as medições nos países participantes, também foi um marco para que os EUA fizessem a mudança numa escala mais ampla.
Mas a adoção americana ainda estava atrasada, mesmo enquanto os cientistas continuavam a melhorar o sistema e a aplicá-lo cada vez mais em seus campos de investigação. Em 1960, o sistema métrico foi expandido e modernizado e, como resultado dessa evolução, durante a Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), na França, passou a ser denominado como Sistema Internacional de Unidades (abreviado como SI) para uso em todo o mundo.

A maioria das outras nações adotou obedientemente o SI, alterando os sinais de trânsito e as embalagens e ensinando o sistema métrico nas escolas.
No entanto, apesar da adoção internacional e da crescente política federal de incentivo à prática de unidades métricas, os EUA continuaram a utilizar as unidades imperiais em sua vida cotidiana, como as polegadas, os pés e as milhas. A resistência foi alimentada em parte por industriais que argumentavam que o sistema era demasiado complicado e caro para se implementar, por legisladores desconfiados da influência “estrangeira” e por controvérsias sobre se a adoção federal em larga escala poderia infringir os direitos dos estados.

Ainda que os EUA tenham declarado oficialmente o SI como o sistema preferido do país através da Lei de Conversão Métrica de 1975, assim mesmo as agências federais demoraram a adotar as métricas na indústria, na educação, no comércio e na vida quotidiana.
Elizabeth Benham, líder do programa métrico federal do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST, sigla em inglês), diz que ambos os sistemas ainda são amplamente utilizados em todo o país: “Estamos trabalhando em um ambiente de medição híbrido arriscado”. Rótulos duplos são comuns e muitas vezes as medidas métricas ficam ocultas em réguas, sinais de trânsito e ferramentas. Isto pode levar a erros de cálculo dispendiosos e confusão pública.

Fazendo a Convergência Métrica

Ainda ssim, Benham acredita que a metrificação voluntária nos EUA é possível – e incentiva os indivíduos a procurarem as medidas métricas que já os rodeiam. “Eu uso a analogia de um iceberg”, diz ela. Superficialmente estão as unidades imperiais dos EUA, mas muitas indústrias já utilizam medidas métricas, incluindo rótulos de alimentos, velocímetros de automóveis e termômetros.

Benham diz que, uma transição completa para o sistema métrico não será possível até que os indivíduos tomem a iniciativa e decidam utilizá-lo na sua vida quotidiana. E complementa: “A mudança vai acontecer. É apenas uma mudança mais lenta do que uma abordagem obrigatória”.
fonte: National Geographic, NIST

Uso de Placas de Sinais de Trânsito ainda com Marcadores Imperiais
Crédito: Owen Franken, Corbis/Getty Images
Uso de Placas de Sinais de Trânsito com Marcadores Imperiais
Uma placa de trânsito em Quebec, Canadá, fotografada perto da fronteira com os EUA em 1970, diz "Pense Métrico, 1 milha = 1,6 quilômetros". A placa lembra aos viajantes dos Estados Unidos que medidas métricas são usadas no Canadá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário